Etapa 15
Aventuras > Travessia de Portugal
Castro Verde - Santa Clara (15/06/2003)
Distancia: 73 Kms -----------------Desnível acumulado: 1422 mts
Hoje, eu e Magalhães saímos de tal forma cedo que quase era necessário a utilização de luzes auxiliares. O calor da Etapa de ontem e o receio da sua continuidade foi a razão desta opção. Relativamente ao pequeno almoço, desta vez estávamos prevenidos pois adquirimos leite e cereais e assim podemos comer antes de iniciar a etapa.
Muitos de vós já estão a pensar o porquê de só existirem duas fotos, na realidade foram apenas estas que realizei. Logo ao acordar verifiquei que tinha um dedo do pé onde uma infecção num calo provocava que o tamanho do dedo quase duplicasse. Este facto viria a dar-me sérios problemas na primeira parte da Etapa.
Saímos do Aparthotel e guiados pelo GPS seguimos por asfalto até começarmos a encontrar as estradas de terra. Como os desníveis eram quase inexistentes rolamos a bom ritmo e como habitual existiram encontros quase "imediatos" com inúmeros e variados animais. Não são estas coisas a essência do Btt?...
Com o sol a elevar-se e a temperatura a aumentar, começou o meu suplicio com os problemas provocados pelo dedo inchado. As paragem começaram a suceder com demasiada frequência e aqui pode aperceber-me da capacidade da pessoa que me acompanhava mais de perto já a alguns dias, o Magalhães. A paciência demonstrada foi de uma grandeza fora do comum e que me merece uma gratidão na mesma medida.
Comecei a aperceber-me que com estas paragens metia em causa o esforço que realizamos quando optamos por sair mais cedo, ou seja, não seria necessário muito tempo até que fossemos absorvidos pelos restantes participantes. Por este motivo confesso que pensei em desistir e talvez fosse essa a razão porque parei junto a uma estrada asfaltada para tentar definitivamente solucionar o problema.
Aqui utilizei uma navalha que o Magalhães, felizmente levava para retirar o maldito calo e cortar algumas costuras do sapato direito de forma a arranjar mais espaço para o pé. Durante esta "operação" descarreguei todo o vernáculo que disponho como forma de libertar todos os nervos já acumulados. De salientar que o Magalhães assistiu a este episódio com uma tranquilidade impressionante. Quero deixar claro que foi a melhor ajuda que me podia ter dado.
Reiniciamos a Etapa e logo de imediato percebi que com as alterações anteriores poderia continuar a Etapa, não sem que tivesse de poupar todo o esforço empregue no pé. Assim continuamos pelas serras que agora tínhamos de transpor.
Não foi fácil quando chegados no cimo de uma serra e deparamos com a imagem (foto98) de uma paisagem onde era possível ver o nosso destino. Pois digo-vos que ao visualizarem a foto imaginem qual a sensação de saber que tinha de descer praticamente à linha de água e depois subir e transpor toda a parte de serra do lado direito até ao monte que se vê mesmo no fundo da foto. Se poderem ampliar a foto podem deslumbrar um edifício branco que é a Pousada de Santa Clara.
Quando chegamos à localidade de Santa Clara optamos por não realizarmos uma paragem e assim continuarmos com destino à Pousada. No final duma etapa particularmente difícil, realizar a subida até à Pousada foi o golpe difícil de suportar. Quando atingi o destino deste dia, a sensação de alivio foi indescritível.
Absoluto descanso foi a regra e apenas me desloquei até à sala de jantar. Só após o Briefing é que decidiríamos se optávamos por sair mais cedo amanhã.
Desde o inicio desta aventura este foi o dia em que tive mais perto não atingir o objectivo.