Etapa 4
Aventuras > Caminho Santiago (Norte)
Barakaldo (Bilbao) - Laredo (28/07/2006)
Distância: 60 Kms -----------------Desnível acumulado: 1070 mts
Relato do Peregrino:
Hoje a alvorada foi mais tarde que o costume, aproveitamos também para fazer um pequeno almoço reforçado. Consequentemente o inicio da etapa também.
Mal saímos à rua podemos verificar que a temperatura estava mais elevada que o normal. Isso queria dizer que as dificuldades iriam aumentar com mais este adversário. Mais uma vez recorremos à utilização da estrada asfaltada, desta feita à Nac. 634. Até que a dado momento nos cruzamos com uma ciclovia e que de imediato me recordou de estar assinalada num dos Guias do Caminho. Optamos por usar esta ciclovia. Foram 6 km a descer, sim é verdade sempre a descer até uma praia. A ciclovia está muito bem sinalizada e, estava muito movimentada de pessoas e ciclistas.
Depois de descansar um pouco e “sacar” umas fotos continuamos pelo caminho original, ou seja atravessamos uma praia, a pé já se vê e de seguida uma surpresa: Uma escadas a pique que tivemos de ultrapassar. Foi necessário subir uma bike de cada vez com os dois em conjunto a empurrar o veiculo. Este esforço foi recompensado com a via pedestre/ciclovia que viríamos a percorrer por muitos km sempre à beira mar. Fenomenal!
Como “gato escaldado de água fria tem medo” quando terminou esta ciclovia perguntei se a estrada, agora de terra, tinha continuação até à próxima localidade. Foi-me dito que sim e depois da habitual pergunta “De donde vêm?” assim que disse-lhe que vínhamos de Portugal o homem desatou a contar as suas aventuras no Algarve e nunca mais parava…
A etapa de hoje, para mim, viria a ser a mais dura de todas. Eu diria que foi o dia do maldito pé. Nem sei o porquê de aguentar as dores que tive… por vezes questiono a minha sanidade mental. Valerá a pena?…
Felizmente com a construção da Autopista, a estrada nacional está literalmente vazia. Isso possibilita-nos pedalar descansados, unicamente com a companhia intermitente do barulho dos carros na referida Autopista que por vezes está mesmo ao nosso lado. Nesta etapa deu-se um facto curioso, ao pararmos na berma da estrada estava alguns metros afastado um cavalo a pastar. Chamei-o e este veio ao meu encontro até ao ponto de chegar tão perto que me permitiu fazer algumas festas.
O almoço foi efectuado em Castro Urdiales num restaurante de campanha (daqueles que só funcionam no verão) onde apenas existia peixe grelhado, salada, pão e bebidas. Quem desejasse café ou sobremesas tinha de escolher outra alternativa. Bom, o comer escolhido foi sardinhas, que por sinal estavam muitíssimo boas. Grande almoço!
Com o calor e o cansaço a fazer-se sentir a saturação das dores no meu pé fizeram que esta fosse a etapa das paragens. O desespero começou a aumentar e a ultrapassar a capacidade de raciocinar.
Esta estrada que utilizamos estava cravejada de cruzes com fotos de pessoas à beira estrada. Certamente não será alheio o facto da serra com curvas servir para testar as motos e pilotos, tal como pudemos verificar na fase final do dia. Paragem para de novo aliviar o pé, num parque à beira da estrada. Como os bancos de madeira estavam tortos, utilizamos a mesa como colchão. Pois, pois, adormece-mos…
Nova subida já em desespero e finalmente chegara a Loredo. Etapa mais curta que o previsto. Isto vai-se pagar caro…
Para finalizar o dia, nada melhor que não encontrar-mos sitio disponível para dormir. Só após muita procura e já quando nos preparávamos para sair desta localidade encontramos o bendito alojamento. Eu estava em tal estado que depois de guardar a bikes numa divisão adjacente à pensão, deixei cair o velocímetro sem dar conta. Valeu a perspicácia da minha esposa que o veio a encontrar no meio da rua, ufa…
Jantamos num restaurante italiano e comemos o quê? Pasta, claro!
Relato da Peregrina:
Hoje o dia começou em Bilbao. Saímos do Novotel (que era espectacular) e fomos pela estrada nacional em direcção a Santander. Depois de alguns poucos km chegamos a uma localidade e entramos numa ciclovia espectacular durante mais de 6 km . Fiquei impressionada com a quantidade de pessoas e ciclistas que a utilizam. Foi sempre a abrir até outra localidade com praia. Estava a achar esta etapa muito fácil ate que nos deparamos com umas escadas que tivemos de subir a empurrar as bicicletas, uma de cada vez, os dois a empurrarmos. A seguir entramos numa via também espectacular, só para pessoas e bicicletas que construíram na encosta que desce até ao mar. Paisagens lindíssimas de encostas verdejantes com gado a pastar, e ao fundo o mar.
Ao longo de toda esta via, vinha a pensar que depois das etapas dos dias anteriores, esta estava a ser fácil demais, eis quando nos deparamos com uma “parede” que eu tive de fazer parte dela a pé, porque os músculos das pernas pareciam que se estavam a encolher. Aí comecei a pensar que a etapa afinal não era assim tão fácil. A partir daqui voltamos a fazer o mesmo dos dias anteriores, subiiiiiiiiiiir, subiiiiiiiiiir, descer. E assim continuamos até chegar a Laredo que era onde estava previsto acabar a etapa. Apesar do sobe e desce, e da dificuldade em arranjar Alojamento , o dia hoje para mim não foi tão difícil e as paisagens continuam a deslumbrar embora já não haja tanta floresta como até Bilbao, continua tudo muito verde e lindíssimo.