Maratona de Portalegre - Bike105

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Maratona de Portalegre

Maratonas
Maratona de Portalegre
Em minha opinião a Maratona de Portalegre pelo facto de ter sido a primeira, tem um carisma que dificilmente será alterado. Para mim foi um estreia absoluta em termos de Btt de longa distância já que percorrer 100 Kms com um desnível acumulado considerável, exige alguma preparação física e capacidade de sacrifício.
Na noite anterior recebi a minha nova montada pelo que foram na realidade duas as estreias neste dia, eu e ela . Sai cedo de casa em Lisboa com destino a Portalegre e pelo caminho fui detectando muitos veículos carregados com bicicletas e pessoas que atendendo à hora só poderiam ir para Portalegre.

O facto de estar a participar numa corrida cronometrada também era uma novidade para mim, por isso o nervosismo inicial estava presente. Após a partida simulada no centro da cidade, percorremos algumas ruas e fomos para o inicio do verdadeiro percurso. Na minha bicicleta já tinha instalado o GPS com o Track disponibilizado pela organização, que se veio a manifestar desnecessário pois as marcações estiveram sempre no lugar certo.

A atitude da organização disponibilizar o Track do percurso antecipadamente demostra uma postura inteligente e recomendável, deveria ser um exemplo a seguir pelas organizações de eventos do género, acima de tudo como uma medida de segurança.

Após o sinal de partida foi engraçado ter uma perspectiva mais elevada dos restante pessoal, privilégio que tenho pela altura a que está o meu selim. Depois de uma centena de metros pude verificar que pelo chão estavam espalhados diversos bidões de água, o que demonstra que quem vai no grupo da frente nem tem tempo para parar e recolher o objecto perdido. Ainda não tinha realizado uma dezena de quilómetros já encontrei um participante com a corrente partida na mão, resolvi perguntar se necessitava ajuda ao que respondeu que sim. Só depois de parar reconheci o betetista, pois ele tinha também participado na GR22. Na realidade estranhei como é possível alguém aparecer num evento de 100 Kms sem que tenha um descravador de correntes...

Depois da corrente ser reposta e quando estava para partir reconheci mais alguém que chegava era a Sara que ia na sua "Canhãodale", mais uma paragem para os respectivos cumprimentos. Arrancamos os dois em conjunto, mas rapidamente pode perceber que a Sara não estava no melhor da sua forma e delicadamente despedi-me e fui elevando o ritmo.

Tudo decorreu normalmente até ao famoso local onde era necessário passar debaixo de uma estrada, onde a altura da água atingia a cintura. Como metros antes existia a possibilidade de atravessar a estrada foi para ai que me desloquei, mas um zeloso agente da autoridade opôs-se a esta passagem, pelo que não me restou outra hipótese senão voltar para atrás. Metros depois cai de uma forma feia atendendo ao meu problema físico. Nesta queda esforcei em demasia o joelho que está limitado e as dores foram mais que muitas. Rapidamente fiquei rodeado de gente que me prestou auxilio e inclusivamente o agente da guarda veio ao meu encontro a perguntar se necessitava de assistência médica. Esperei um pouco para aliviar as dores meti-me em pé e lá retomei a pedalada.Como as dores eram fortes quando atingia o limite ao dobrar o joelho resolvi elevar mais um pouco a altura do selim de forma a aliviar o esforço no joelho. Este estratagema resultou de imediato pelo que continuei.

Os caminhos utilizados surpreenderam-me pela quantidade de água que fomos encontrando e pelo verde exuberante por ali existente. Quando comecei a atingir cansaço, apareceu algo que era uma novidade absoluta, cãibras. Este problema estava a ser gerado pela demasiada altura do selim por isso não restou outra solução senão baixar de novo a sua altura, sacrificando assim o joelho. Tornei a mexer na altura do selim por mais algumas vezes para tentar encontrar um equilíbrio entre a dor do joelho e as cãibras. Mesmo neste dilema fui prosseguindo até ao penúltimo abastecimento onde resolvi descansar um pouco.

Aproximadamente meia hora depois de chegar ao penúltimo reabastecimento, e já a meia hora do limite horário disponível para conclusão da Maratona, parti para tentar concluir a Maratona mesmo sabendo que seria impossível acabar dento do tempo previsto. Quando cheguei ao inicio da subida para as antenas encontrei já alguns participantes com sérias dificuldades físicas a falar com um elemento da organização. Como ouvi este elemento a referir que os três quilómetros seguintes seriam a pé posto, resolvi desistir de forma a poupar-me a mais dores no joelho que no entretanto tinha já um grande inchaço. Perguntei ao elemento da organização se existia uma alternativa mais suave para chegar de bicicleta a Portalegre, ao que respondeu indicando o caminho por asfalto. Parti então por asfalto direcção a Portalegre, mas se este era o trajecto mais soft nem quero imaginar o original. Quando estava já a olhar para o GPS de forma a ver se faltava muito para Portalegre, tal era o desespero, parou junto de mim automóvel que me ofereceu boleia, o que aceitei de imediato. Esta viatura dispunha de uma calha instalada no tejadilho e durante os restantes 4/5 Kms até à cidade fiquei a saber que se tratava de um elemento da organização que já tendo terminado vinha a recolher quem necessitasse de auxilio. Um bem haja para este Senhor que não me lembro do nome, apenas que tem um Renault 9 (??) cinzento.

Dadas as circunstancias não fui ao jantar pelo que não posso opinar sobre o mesmo.

Como experiência foi fantástico e espero no ano de 2004 voltar a participar para desforrar-me do facto de não ter terminado em 2003.

Como podem compreender, não registei fotograficamente este evento da forma que lhe era merecido. Para a próxima já será mais completo. 


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